7.7.08

Capitulo 1 - Parte 4

Answers And Choices 04/07



1 hora mais tarde...

A parede da cela onde escoravam as costas, era áspera, úmida e fria. Não havia qualquer móvel que proporcionasse o mínimo de conforto. A luz era escassa e vinha de uma pequena fresta gradeada de onde se podia ver parcialmente o brilho da lua gibosa penetrar com dificuldade, assim como o ar, que já parecia estar ficando viciado ali dentro. Sentados em cantos opostos, no chão imundo do cubículo de pedra, escavado bem próximo da cabana de caça, estavam Steve e Klaus, confinados em silencio, com seus pensamentos distantes, tentando colocar tudo que acabaram de vivenciar em perspectiva...

Não haviam muitas opções depois daquele discurso. Por isso não houve mais resistência quando mencionaram levá-los novamente para um novo cativeiro. Resignação, aceitação, estado de choque... Chame do que quiser. O fato é que não se pode fugir dessas coisas. Não importa aonde você se esconda, eles te acham; sentem o cheiro inconfundível do seu sangue, farejam seu medo em cada gota do seu suor... Não há lugar no mundo, nem mesmo nas profundezas do inferno, onde você conseguiria escapar deles. Steve que o diga...

Ambos podiam ser jovens, mas a essa altura já tinham a total consciência de que suas vidas haviam mudado completamente de uma maneira irreversível. Não havia mais uma maldição a ser quebrada, não havia mais a esperança de uma cura... Portanto não havia mais sentido em se lamentar... No lugar de tudo isso entra em cena um novo propósito de vida, um desígnio, uma razão para existir. Agora havia apenas a VERDADE, que de uma maneira mórbida, passava cada vez mais a fazer sentido e começava a responder muitas das perguntas sem respostas até então vagas em suas vidas, ao mesmo tempo em que escancarava um caminho incerto aparentemente de mão única, que certamente os levaria a fazer escolhas, das quais eles poderão se arrepender pelo resto de suas existências...

Escolhas? A quem estou querendo enganar? Do jeito como o velho marine colocou as coisas, a maneira mais plausível de os rapazes se verem livres de seu jugo e sentirem o prazer do livre arbítrio novamente seria dentro de uma cova... Pensar em viverem suas vidas longe daquelas montanhas chega ser cômico de tão utópico na atual configuração dos fatos...

Tudo isso facilitou o processo de encarceramento e limitou as opções dos garotos para apenas: Sentar e esperar, e sabe como é... Ver as cartas que o destino põe na mesa e no dia seguinte pagar pra ver o que o lhes estava reservando...

Falando assim até parece fácil... Cada minuto ali dentro eram como décadas, era como esperar o próprio fim na cadeira elétrica, mas sem direito a um colchão, refeição digna, roupas limpas e nem a um último desejo...

Visivelmente angustiado, Klaus esfregou suas mão enormes pelo rosto, pressionou levemente os olhos e puxou os dedos queixo abaixo ate terminar no último fio da barba mal feita em seu pescoço. Arrastou a sola dos pés para trás levantando os joelhos de forma que ficassem paralelos e cruzou os braços por cima. Olhou para as paredes cinzas, para o teto, para lua e sem mais se conter, com sua voz grave, mais em tom baixo, o escandinavo quebrou o silencio:

- Klaus... Meu nome, é Klaus Ollendorf... então abaixou a cabeça...

Steve que tinha as costas entre a parede e as grades no lado oposto, com uma perna esticada e outra dobrada, a qual ele repousava o cotovelo e tinha a mão do mesmo braço cobrindo as vistas, nem mesmo se moveu para responder a pergunta:

- Stephan... Stephan Fernandes, mais desde que cheguei nesse maldito país as pessoas não me chamam de outra forma a não ser Steve...

Klaus levantou levemente a cabeça com um olhar ainda perdido e balançou-a vagarosamente de forma positiva como se entendesse... E então continuou:

- Então Steve... Porque você veio para a América?

Após uma breve pausa, a resposta veio inicialmente na forma de um ruído em sua garganta, como se ele tentasse conter algo irrefreável, que cresceu aos poucos na forma de risadas contidas e culminou em uma gargalhada, daquelas que você não consegue segurar e só espera a graça passar pra que ela acabe. Klaus não entendeu o porque inicialmente, afinal, o trocadilho espirituoso com o nome não foi tão bom assim. De qualquer forma, ele abriu um sorriso acolhedor esperando uma explicação, mas como ela tardava em sair, acabou aos poucos sendo contagiado pela situação e quando se deu conta, ali estavam ambos rindo sem ter qualquer motivo...

- Respostas... - Disse em meio aos risos que foram ficando mais amenos - Estava procurando respostas para o que fazer e que rumo tomar em minha vida... Terminou ele enquanto enxugava as lágrimas do riso...

- É meu amigo - Completou o nórdico também enxugando os olhos - Não é a toa que dizem pra gente ter cuidado com que deseja, quando menos se espera pode acabar conseguindo...

Poeticamente, ao mesmo tempo em que terminou a frase, o barulho da fechadura se abrindo ecoou no recinto. Steve deu um pulo meio que se arrastando para o lado de Klaus devido ao susto e este por sua vez mesmo estando de frente para a porta, não notou a chegada silenciosa do vulto que se revelava na forma de uma mulher baixa, mas de curvas voluptuosas, músculos rígidos e bem definidos. Era Phantom, ela trazia consigo uma bandeja de madeira rústica com duas tigelas com comida e dois canecos de água. No inicio ambos ficaram ressabiados, mais devido a fome que estavam, não fizeram muita cerimônia e sem o mínimo de protocolo devoravam o que lhes foi oferecido...

A jovem nativa americana não conteve um breve sorriso que por um instante a fez parecer com uma garota humana normal, se divertindo ao ver os rapazes brigar por um pedaço de pão. Mas como se despertasse, logo ela se recompôs e pediu de forma séria que eles não fizessem barulho:

- Shhhh, vocês não querem acordar os outros querem? Se ao menos desconfiarem que trouxe isso pra vocês, mal quero imaginar o que pode acontecer com nós três... disse ela olhando pra fora da grade pelo corredor escuro, conferindo se alguém estava vindo...

Aquele frase realmente deixou os rapazes confusos. Ela estava ali por conta própria, arriscando o pescoço a troco de que? Depois daqueles tiros no “barstow” a primeira coisa que veio a cabeça de Steve foi a dúvida congelante de que aquilo estaria envenenado e que agora era tarde demais para se arrepender. Já Klaus até tentou formar uma opinião própria sobre o assunto, mais assim que ela virou de costas, suas suposições foram interrompidas pela curiosidade de se lembrar se ele já tinha visto uma nádega tão rígida e generosa como aquela... Meio engasgado pela surpresa dessa situação inusitada Steve perguntou sussurrando:

- Eles realmente não sabem que você está aqui?

- Não - Respondeu ela balançando a cabeça

- E por que está fazendo isso? novamente indagou o sul americano

- Primeiro por que eu sei o que é passar pelo que vocês estão passando, eu me lembro de como foi meu primeiro dia dentro dessa matilha... É lógico que pelo fato de eu não ter cometido a idiotice de debochar do Honcho, as coisas foram bem mais amenas, mas não menos confusas e assustadoras. Segundo, por que eu gostaria de ter tido a chance de pelo menos saber de toda a verdade e fazer minhas próprias escolhas antes de fazer parte disso tudo... - Disse ela em tom de pesar

- Quer dizer... que Honcho mentiu? - emendou o jovem confuso...

- Não, mais omitiu e assim continuará até ser tarde demais...

- Como assim? interessou-se Klaus

- Não somos os únicos de nossa espécie híbrida de carne e espírito, existem vários lobisomens espalhados não só pela America, mas pelo mundo e vocês são a prova viva disso... Cada um deles está unido a um grupo de outros urathas pelo laço inquebrável da matilha e juntos carregam o fardo da lacuna deixada por Urfarah no equilíbrio dos dois mundos. Além disso, existem laços de ideais e propósitos o qual fazemos um voto, chamamos esses grupos de indivíduos que compartilham de uma mesma visão de "tribos" e eu particularmente, fui privada dessa escolha assim como vocês serão...

- Por que? questionou imediatamente Steve

- Porque Honcho acredita que a unidade de pensamentos fortalece a matilha e evita dissidências de idéias, por isso, todos nós da matilha dos Red Knifes somos Blood Talons. Visamos o aperfeiçoamento físico e buscamos eternamente o status de os melhores guerreiros de Luna... Mas vejam bem, falando imparcialmente, isso não nos torna invencíveis no campo de batalha, é apenas um caminho que se decide trilhar e seguir por toda vida, assim como os Bone Shadows se interessam pelos segredos do mundo espiritual, os Iron Masters pelo progresso da humanidade e suas selvas de concreto, os Hunters in Darkness pela guarda de locais sagrados, os Stormlords pelo ideal de que os urathas devem estar no controle das situações do mundo ou até mesmo os Ghost Wolves que simplesmente iguinoram essas convenções sociais e tocam sua vida conforme seus próprios parâmetros...

- Meu Deus, essa coisa toda é maior do que eu pensava... Comentou Klaus...

- Realmente, apenas uma matilha não seria capaz de organizar todo o fluxo de espírito e matéria do mundo inteiro - Continuou ela - por isso as matilhas zelam e protegem um determinado território e o defende com todas as forças. O de minha matilha é este, ao sudoeste de Utah onde estamos e em breve, será o de vocês também...

- Mas a forma como Honcho age, o regime opressor que ele impõe a vocês e as pessoas lá fora, isso é realmente necessário - Disse o latino.

Phantom mostrando uma expressão de lamento continuou:

- É uma questão de ponto de vista, na concepção dele, ele os está protegendo, muitos deles tem sangue de lobo e isso pode trazer nossos inimigos até eles...

- E todas as matilhas do mundo mantêm aqueles com sangue de lobo em "campos de concentração" como esse? - Interrompeu Steve

Mais uma vez ela balança a cabeça negativamente... - Nem todo o alfa de matilha tem a postura déspota e agressiva de Honcho

- Eu sabia, e porque vocês não fazem nada? Porque não tiram ele do comando ou avisam alguém de sua tribo sobre isso?

- Tirando o mau gênio e olhando os resultados, Honcho é um bom alfa e tem nos conduzido a inúmeros triunfos, nada falta a nós e aos outros, nosso território está limpo e bem guardado, o que nos permite fazer esporadicamente alguns serviços extras para outras matilhas em territórios fora do nosso - Foi exatamente numa dessas missões que acabamos encontrando vocês naquele covil de puros no noroeste do Novo México - por isso os outros o toleram e aprovam seus metodos. Além do mais se alguem quiser tomar o posto de alfa, primeiramente seria severamente retaliado e punido, se mesmo assim insistisse nesse objetivo, teria de desafia-lo oficialmente e se provar um lider melhor e nehum de nós está sua altura, principalmente eu, a ômega da matilha. Quanto a reclamar com "alguém da tribo", como eu disse, ela é apenas uma convenção social no final das contas, onde você encontra orientação num momento de mudanças de outros como nós com os mesmo interesses que o seu... Mas cada um dos integrantes possui sua própria matilha, seu próprio território e seus próprios problemas... Comprar briga com outra matilha de destituídos ou chafurdar provas de uma possível quebra no juramento de Luna é acrescentar mais uma enorme dor de cabeça numa lista de muitas outras... Mesmo que alguém tome algum partido, embora realmente eu não concorde com tudo que Honcho faz, ninguém de fora pode interferir em nossa terra e arbitrar no que fazemos dentro dela sem pagar o preço com sangue... É o instinto do lobo e o dever de um uratha, defender seu território de quem quer que seja e honrar seu alfa e sua matilha como um todo... temos um laço, um pacto selado por um espírito e somente quando vocês fizerem parte dela irão entender a devoção implícita nisso...

- Certamente iremos, mas não aqui e agora - Disse Steve se levantando - Se existe uma opção para que eu não tenha que tolerar a ideologia feudal do velho marine eu vou busca-las até as últimas consequências...

Klaus tambem se erguendo completou concordando - É isso ai, nós não vamos nos tornar os novos capachos das vontades deturpadas dele e nem ao menos queremos tentar entender o seu ponto de vista centrado no próprio umbigo.

Em desvantagem e certamente arrependida ou incerta do seu real objetivo ali, Phatom ameaçou correr para fora da grade, mas Steve segurou sem violencia o seu braço enquanto argumentava olhando em seus olhos:

- Você não quer realmente fazer isso... Se você quisesse mesmo nos prejudicar subindo e avisando os outros, jamais passaria pela sua cabeça descer aqui, nos alimentar e o que dirá revelar todos esses segredos... De todos você é a mais sensata Lara, existem várias formas de se chegar a um objetivo e pelo que você me disse, no mais profundo do seu ser, você como eu divide a opinião de que embora os fins estejam se mostrando prósperos, os meios talvez não estejam justificando os mesmos... Sem medo de errar ou voltar atrás, eu me comprometo e afirmo a você que estou disposto a sujar as minhas mãos e ganhar minha primeira "grande dor de cabeça" corrigindo isso, não importa a que preço ou quanto tempo dure, ele vai pagar pelo que ele fez a você, a nós e a qualquer um dos sangue de lobo que tambem tenha ferido. Podemos buscar ajuda e fazer o que é certo e nesse instante, só você está a minha frente e pode evitar que eu parta em busca disso...

Só você pode nos impedir, da mesma maneira que ele fez com você te privando de suas escolhas e objetivos, o que sem mais delongas, nos leva a uma inevitável pergunta cuja a resposta pode mudar pra sempre nossos destinos; Você quer mesmo fazer isso?

2 comentários:

Flavio Estéfano Balinski disse...

E, até agora, o Nightfall, nada...

Pride disse...

Nightfall aparece só na segunda temporada fiote rs... to fazendo das tripas coração pra tentar terminar a primeira rs! Um dia agente chega lá =)

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